segunda-feira, 1 de agosto de 2011


A kaza é a rua.
É o que nos remete a 11° edição do Coletivo kazavazia.
Não com menos afeto, calor – mesmo nas manhãs frias de julho em Belo Horizonte, e harmonia, do que seria uma casa nos moldes comuns.
Território de passagem, a rua pode ser também morada. Definitiva para alguns; transitória, para outros que se enveredam por um destino errante.
Esta semana experimentamos, uns menos outros mais, o que seria essa estadia em um território de passagem. Tomamos café, brindamos a arte, a amizade e a cidade, turbulenta, que sorri diante do inusitado: pessoas reunidas em torno de uma mesa, num canteiro central de uma Avenida. De redes estendidas neste canteiro, onde a cor diante de tanto cinza se torna algo bastante inusitado. A curiosidade, o sorriso, a dúvida se aquilo é arte, maluquice ou coisa de gente à toa. Despertar a curiosidade alheia o que importa, diante do caos urbano. Da rotina, do ir e vir incessante de pessoas e meios de transporte. Já diria Jane Jacobs: “As ruas e as calçadas, principais locais públicos de uma cidade, são seus órgãos mais vitais”.
Enriquecemos com o impedimento. Impedidos de habitar criamos nosso espaço de diálogo com o ambiente. Diante da falta de teto, o céu azul nos contemplou.
E assim, contemplamos os paradoxos: o descanso na loucura, a passagem como porta de entrada, o processo como resultado final. Residir, morar, habitar expandem seus significados. E do mesmo modo, a rua é a kaza.

Ana Luiza Neves

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