quinta-feira, 25 de agosto de 2011






Ações da ocupação


Em 2011, a Kaza Vazia foi convidada para atuar na semana de abertura do SESC Paladium, nova casa de cultura da cidade de Belo Horizonte. O grupo não se dispôs a fazer uma exposição de um dia - como sugerido pela instituição -, já que seu projetos são pautados no conceito de arte como experiência de um grupo em dado local. Dessa forma, a Kaza tentou articular com o SESC uma residência artística de uma semana. Deparando com entraves burocráticos, os artistas se viram impedidos de realizar a residência no interior do edifício, assim como abaixo da sua marquise. Foram direcionados, portanto, para as ruas do entorno. Surgem então os trabalhos da Kaza 11, como o Kafé (café da manhã no canteiro central da av. Augusto de Lima), o Anekso I SESC Paladium (um barraco itinerante de papelão, madeira e lona) e a Performance de redes (a pernoite de cinco pessoas em uma instalação de cinco redes no canteiro central da av. Augusto de Lima), para não falar dos projetos individuais de cada artista.


From day 25 to day 31 July, Kaza Vazia performs a 'non-residence' at the surroundings of the SESC Paladium's bulding. Unable to make an artistic-residence inside the building, as well as its marquee, the artists worked on the streets surrounding the institution. With a program of four collective projects, the group took advantage of the relationship established with the SESC to outline a critique that tried to discuss ways to occupy the city.

So, come the collective works of Kaza 11, as Kafé (breakfast in the middle of Augusto de Lima avenue), the Annex I - SESC Paladium (an itinerant shed made with wood and canvas) and Performance of Hammocks (overnight of five people in an installation of five hammocks in the middle of the Augusto de Lima avenue).








fotos de Hernani Guimarães
Ação Ao sabor do vento, de Tales Bedeschi

Veja fotos das ações.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011


A kaza é a rua.
É o que nos remete a 11° edição do Coletivo kazavazia.
Não com menos afeto, calor – mesmo nas manhãs frias de julho em Belo Horizonte, e harmonia, do que seria uma casa nos moldes comuns.
Território de passagem, a rua pode ser também morada. Definitiva para alguns; transitória, para outros que se enveredam por um destino errante.
Esta semana experimentamos, uns menos outros mais, o que seria essa estadia em um território de passagem. Tomamos café, brindamos a arte, a amizade e a cidade, turbulenta, que sorri diante do inusitado: pessoas reunidas em torno de uma mesa, num canteiro central de uma Avenida. De redes estendidas neste canteiro, onde a cor diante de tanto cinza se torna algo bastante inusitado. A curiosidade, o sorriso, a dúvida se aquilo é arte, maluquice ou coisa de gente à toa. Despertar a curiosidade alheia o que importa, diante do caos urbano. Da rotina, do ir e vir incessante de pessoas e meios de transporte. Já diria Jane Jacobs: “As ruas e as calçadas, principais locais públicos de uma cidade, são seus órgãos mais vitais”.
Enriquecemos com o impedimento. Impedidos de habitar criamos nosso espaço de diálogo com o ambiente. Diante da falta de teto, o céu azul nos contemplou.
E assim, contemplamos os paradoxos: o descanso na loucura, a passagem como porta de entrada, o processo como resultado final. Residir, morar, habitar expandem seus significados. E do mesmo modo, a rua é a kaza.

Ana Luiza Neves