“Nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo que balança cai”. A máxima popular nos indica: as coisas podem não ser o que parecem. Portanto, é necessário experimentá-las. Um bom exemplo disso acontece na padaria, quando se escolhe um pedaço de bolo. Aquela “cara boa” vai ser colocada a prova só quando se chegar em casa e lhe dar uma mordida. O raciocínio é simples: expectativa associada à experiência é o que produz o significado das coisas.
Em sua 11ª edição, a Kaza Vazia construiu o Anekso I - Sesc Paladium próximo ao espelhado e sofisticado edifício do novo SESC. Uma construção de madeira e papelão, aberta ao público, que abriga artistas e seus projetos. Sugere uma extensão da instituição, forjada pelos artistas, que haviam sido convidados para uma exposição marcada para duas semanas depois. O desenho do Anekso é inspirado na arquitetura maleável das construções temporárias dos moradores de rua, muito comuns naquela região. Trata-se de um cômodo desmontável e dobrável, itinerante, a se alojar temporariamente em diferentes marquises dos arredores do Sesc.
A opção pelo nomadismo, tão caro à Kaza, na verdade, se revela uma necessidade. A opção pela arquitetura das malocas flexíveis e transportáveis se revela mais do que mera preferência estética. Posso explicar. Apesar de ter convidado os artistas para participar da inauguração do SESC Paladium, a instituição não permite a residência dos artistas nas dependências de seu edifício. Como a instalação do Anekso na marquise do Sesc também não foi permitida, os artistas o instalaram na calçada. Nesse sentido, a estratégia do Anekso I é não se fixar em nenhum ponto, a exemplo dos moradores de rua. Essas pessoas se instalam apenas por um breve período nos locais, ocupando sem ocupar de fato, vivendo num limbo que os protege da ação de administradores de edifícios e de fiscais da Prefeitura. São formas de viver/habitar/construir a cidade que essa edição da Kaza Vazia compartilha.
O grupo cria um espaço simbólico a partir da construção de uma maloca que abriga eventos públicos, debates e exibições de vídeo. Nela todos podem entrar. Não é preciso senha, ingresso, nem elevadores. Sua arquitetura, mais modesta, parece ser mais convidativa e aconchegante. por um lado, o Anekso I é uma contribuição conceitual para a nova casa de cultura da cidade. Por outro, levanta uma discussão pontual num momento em que a Prefeitura de Belo Horizonte remove casas e desfaz comunidades do Centro para alargar ruas ou “higienizar” a cidade para a Copa. Certamente, morar, trabalhar ou vagabundear em Belo Horizonte nunca foi tão arriscado.
Em sua 11ª edição, a Kaza Vazia construiu o Anekso I - Sesc Paladium próximo ao espelhado e sofisticado edifício do novo SESC. Uma construção de madeira e papelão, aberta ao público, que abriga artistas e seus projetos. Sugere uma extensão da instituição, forjada pelos artistas, que haviam sido convidados para uma exposição marcada para duas semanas depois. O desenho do Anekso é inspirado na arquitetura maleável das construções temporárias dos moradores de rua, muito comuns naquela região. Trata-se de um cômodo desmontável e dobrável, itinerante, a se alojar temporariamente em diferentes marquises dos arredores do Sesc.
A opção pelo nomadismo, tão caro à Kaza, na verdade, se revela uma necessidade. A opção pela arquitetura das malocas flexíveis e transportáveis se revela mais do que mera preferência estética. Posso explicar. Apesar de ter convidado os artistas para participar da inauguração do SESC Paladium, a instituição não permite a residência dos artistas nas dependências de seu edifício. Como a instalação do Anekso na marquise do Sesc também não foi permitida, os artistas o instalaram na calçada. Nesse sentido, a estratégia do Anekso I é não se fixar em nenhum ponto, a exemplo dos moradores de rua. Essas pessoas se instalam apenas por um breve período nos locais, ocupando sem ocupar de fato, vivendo num limbo que os protege da ação de administradores de edifícios e de fiscais da Prefeitura. São formas de viver/habitar/construir a cidade que essa edição da Kaza Vazia compartilha.
O grupo cria um espaço simbólico a partir da construção de uma maloca que abriga eventos públicos, debates e exibições de vídeo. Nela todos podem entrar. Não é preciso senha, ingresso, nem elevadores. Sua arquitetura, mais modesta, parece ser mais convidativa e aconchegante. por um lado, o Anekso I é uma contribuição conceitual para a nova casa de cultura da cidade. Por outro, levanta uma discussão pontual num momento em que a Prefeitura de Belo Horizonte remove casas e desfaz comunidades do Centro para alargar ruas ou “higienizar” a cidade para a Copa. Certamente, morar, trabalhar ou vagabundear em Belo Horizonte nunca foi tão arriscado.
Tales Bedeschi
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